sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Guimarães - Benfica: a perfeição estava do outro lado

O Benfica perdeu em Guimarães por 1-0 e viu a sua vantagem para o Porto reduzida de cinco para dois pontos. Após a derrota para a Liga dos Campeões em São Petersburgo a meio da semana e da vitória azul e branca em Setúbal no dia anterior, os encarnados precisavam, como Jorge Jesus frisou na conferência de imprensa antes do desafio, de fazer um “jogo perfeito” para levar de vencida um Vitória em clara subida de forma e muito bem orientado por Rui Vitória.
Depois de tempos atribulados, o Guimarães de Rui Vitória está de volta aos lugares a que pertence.
Só que Jesus lançou “demasiada perfeição” para o ataque e não se resguardou na defesa. Ou seja, o Benfica iniciou o encontro em 4-1-3-2, com Aimar a 10, Rodrigo e Cardozo na frente, Nolito e Gaitán nas alas e com apenas Matic no apoio ao habitual quarteto defensivo (mais Artur na baliza), o que não foi suficiente para parar este Vitória. Não porque Matic seja mau jogador (não o é de todo e muito menos é o “patinho feio” deste Benfica), mas porque nunca teve nenhum companheiro que o ajudasse a travar as investidas vimaranenses (por exemplo, Nolito e Gaitán não baixam para defender).
Mais pela exibição no 1º tempo, Gaitán foi o melhor do lado encarnado.
Witsel começou o jogo no banco quando o mais natural seria jogar de início ao lado de Matic (Jesus já veio disse que o 21 encarnado não tem ainda a mesma inteligência táctica e de posicionamento que Javi Garcia, mas ao sérvio não se pode atribuir qualquer culpa pela derrota no Minho) e assim começar a construir o que o trinco destruía.
O técnico encarnado não teve a mesma opinião e assim, o Benfica nunca foi capaz de ganhar a batalha do meio-campo, algo bem visível na quantidade de vezes que os actuais líderes do campeonato não conseguiram ganhar as segundas bolas, permitindo que o Vitória chegasse com perigo á baliza de Artur. No entanto, as águias dispuseram de oportunidades para se adiantarem no marcador (nomeadamente através de Gaitán, Nolito e Cardozo), mas como quem não marca sofre, os vimaranenses chegaram á vantagem á passagem do minuto 37, num golo apontado por Toscano, dando o melhor seguimento a um livre directo.
Muitas vezes o "12º jogador" do Benfica, desta vez Jesus abordou mal a partida.
No segundo tempo, Witsel permaneceu no banco de suplentes e assim o Benfica continuou órfão de um operário, como é o belga, capaz de construir jogo, aproveitando o Vitória para continuar rei e senhor do meio-campo. A partida aproximava-se do fim sem que os encarnados conseguissem mudar o rumo dos acontecimentos e nem as entradas de Bruno César e Nélson Oliveira para os lugares de Maxi e Nico Gaitán surtiram o efeito desejado. E porquê? Porque Jesus, minutos antes, voltara a “matar” a sua equipa, mais precisamente aquando da primeira substituição, a entrada em campo de Witsel: á passagem dos 58 minutos, o belga entrou finalmente na partida, mas para o lugar de Matic. Na teoria, Jesus fez bem em tirar um trinco como é o sérvio para lançar o belga, numa altura em que o Benfica corria atrás do prejuízo e tinha pouco mais de meia hora para (pelo menos) empatar o encontro, mas o problema mantinha-se: Jesus optava por manter o 4-1-3-2 em detrimento de um 4-2-3-1 e continuava a pedir a um mesmo jogador que destruísse e depois construísse, quando Matic devia ter continuado em campo, um dos avançados saído, o que iria possibilitar que, mesmo com menos um avançado, o Benfica jogasse com alguém que destruísse, alguém que construísse, alguém que pegasse no jogo (Aimar) e alguém que marcasse.
Aimar não teve oportunidade para brilhar neste desafio.
Tal não sucedeu e desta forma os encarnados sentiram, pela primeira vez nesta edição da Liga, o amargo sabor da derrota, perante um Guimarães tácticamente irrepreensível, que não permitiu que o Benfica festejasse um golo (algo inédito para os encarnados desde a segunda mão da meia-final da Liga Europa da época transacta, frente ao Braga). A perfeição esteve mesmo do outro lado...

Homem do jogo: João Alves encheu o campo e fez uma exibição como há muito não se via da sua parte. Destaque também para o central João Paulo, que, qual muro de Berlim, nada deixou passar.
Foi Toscano quem marcou o golo, mas a vitória no encontro deveu-se ao colectivo vitoriano.

Imagens: www.record.xl.pt

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