terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Bundesliga e Ligue 1: os campeonatos esquecidos


Falemos hoje de duas ligas ainda não mencionadas neste blog, a alemã e a francesa. Não que estejam esquecidas, mas não é fácil acompanhar semanalmente três a quatro jogos de seis ligas europeias, e por isso nem sempre é possível escrever sobre todas elas. No entanto, sempre que possível, será colocado neste blog a análise aos principais jogos destes dois fantásticos campeonatos.
Comecemos pela Bundesliga: após um ano fraco no que diz respeito a títulos, o gigante Bayern de Munique apostou forte de modo a reconquistar o ceptro nacional, tendo para isso contratado jogadores como Manuel Neuer para a baliza amaldiçoada desde a reforma de Oliver Kahn, o brasileiro Rafinha, lateral direito que andava perdido em Itália depois de ter já passado pelo rival Schalke, contratou ainda o defesa Jeróme Boateng ao Manchester City, bem como o centro-campista David Alaba e o avançado Nils Petersen, este último ao Cottbus. Para além disso, “arrumou a casa” ao deixar sair Klose, Demichelis, o agora merengue Hamit Altintop, bem como jogadores de menor craveira, caso, por exemplo, de Andreas Ottl. No banco verificaram-se também alterações, ao sair o holandês Louis van Gaal e entrado para o seu lugar o alemão ex- Benfica, Real Madrid e Leverkusen Jupp Heynckes.
Neuer teve algumas dificuldades para se impôr no novo clube e só agora começa a fazer esquecer Oliver Kahn.
Com todas estas modificações, que se juntavam ás grandes figuras Philip Lahm, Ribéry, Robben, Schweinsteiger e Toni Kroos (ainda muito jovem, mas já uma peça importante no Bayern), o plantel do campeonissímo germânico deu um salto em termos qualitativos, tem tudo para se sagrar campeão este época e a verdade é que, após a derrota logo a abrir a Bundesliga, o clube da Baviera encontrou o seu caminho e estabilizou-se num 4-4-2 losango, composto na maioria das ocasiões por Neuer na baliza, seguido de Rafinha, Van Buyten, Badstuber e Lahm; Luis Gustavo a pivô, Frank Ribéry e Schweinsteinger nas alas e Toni Kroos como peça mais adiantada no meio-campo, com Gomez e Thomas Muller (fantástico jogador) no ataque, que lhe permitiu chegar com facilidade ao primeiro posto e apurar-se facilmente no seu grupo na Champions, grupo esse composto ainda por City, Nápoles e Villareal.
Robben continua a ser a grande estrela desta equipa.
Nas últimas semanas tem-se visto um Bayern não tão forte, que permitiu a Dortmund e Schalke se colassem na classificação com os mesmos 40 pontos, face ás vitórias dos três clubes nos jogos deste fim-de-semana.

Já o campeão em título Borussia Dortmund, após alguns anos marcados por fraquíssimos resultados desportivos, despertou novamente para a glória pelas mãos de Jürgen Klopp, jovem treinador alemão de 44 anos (para muitos o melhor treinador alemão da actualidade) que vai na sua quarta época consecutiva ao serviço do clube.
Depois de um fantástico 2010/2011, o Dortmund iniciou a época sem a sua âncora do ano transacto, o jovem turco Nuri Sahin, transferido para o Real Madrid por 10 milhões de euros, o que levou a um início titubeante por parte do antigo clube de Paulo Sousa, que perdeu três jogos nas primeiras seis jornadas do campeonato, alastrando-se o mau arranque de época para a Liga dos Campeões, onde perdeu por quatro vezes e ficou afastado das competições europeias este ano.
Mário Gotze será decerto um nome cada vez mais ouvido nos próximos anos. 
No entanto, a história do campeonato para os actuais detentores do título alterou-se rapidamente e vão já no 13º jogo sem perder, tendo saído vitoriosos em dez desses trezes jogos, incluindo uma vitória por 0-1 no terreno do Bayern. Conta como grande estrela o jovem médio alemão Mario Gotze, que continuando a jogar assim, decerto não ficará muitas mais épocas em Dortmund.  Destaque para a boa defesa apresentada pelo actual campeão, com especial nota para os centrais Subotic e Mats Hummels.

Por último, o Schalke reaparece este ano na luta pelo trono alemão, depois de uma época 2010/2011 miserável na Bundesliga, onde ficou em 14º lugar a 35 pontos do campeão, não tendo a boa prestação na Champions (eliminando o então campeão europeu Inter de Milão nos quartos-de-final da prova), que culminou nas meias-finais aos pés do Manchester United, chegado para fazer esquecer o desempenho realizado no campeonato.
Este ano, mesmo tendo perdido o guardião Neuer para o rival Bayern, tudo está diferente para os lados de Gelsenkirchen: terceiro lugar na prova, com os mesmos pontos de Bayern e Borussia, aliando resultados a boas exibições, como verificado nesta última jornada, ao virar de uma desvantagem por 1-0 para 1-4 frente ao Colónia de Podolski.
Raúl, Huntelaar, Jurado, Matip e companhia encontraram o rumo a seguir e isso reflecte-se na alegria apresentada semanalmente pelos comandados do holandês Huub Stevens.
Raúl afinou a pontaria e leva já 10 golos nesta Bundesliga.
Na época passada o Borussia alcançou o título com 75 pontos, mais sete que o 2º classificado Leverkusen e mais dez que o 3º Bayern de Munique, enquanto que o Schalke, como supracitado, ficou em 14º com 40 pontos. Vejamos o que acontece até final nesta edição da Bundesliga. Importante referir também que a Premiere Sky, canal alemão semelhante á Sport TV que permite visualizar todos os jogos da 1ª e 2ª divisão alemã, custa mensalmente aos seus utilizadores sensivelmente 17 euros, enquanto que a média do preço dos bilhetes no campeonato é de 12 ou 13 euros. É verdade que, em relação á Premiere Sky, o custo é “só” para assistir aos jogos alemães, mas quanto custa em Portugal ver futebol, quer seja na televisão ou nos estádios? E alguém vê lugares vazios nos estádios alemães?
Na Bundesliga os bilhetes são a preços acessíveis. Aqui está o resultado.




No que á Ligue 1 diz respeito, é visível a grande modificação ocorrida no agora milionário Paris SG em relação á época anterior, que revolucionou por completo o plantel, contratando nomeadamente Sirigu, Javier Menez, Momo Sissoko, Diego Lugano, Javier Pastore (a troco de 43 milhões de euros) e Kevin Gameiro, estes dois últimos as estrelas desta renovada equipa, que viu partir, por exemplo, os veteranos Coupet, Claude Makélelé, Jerôme Rothen e Mateja Kezman (abandonou o clube na janela de transferências de Inverno do ano passado).
Com um plantel de luxo, reforçado ainda mais este mês com as entradas do ex-Chelsea Alex e do ex-Barça Maxwell, a equipa da cidade luz não começou da melhor forma o campeonato, mas recuperou e, com 21 jornadas já disputadas, está de momento no primeiro lugar da tabela com 46 pontos (mais três que o segundo classificado Montpellier), se bem que com exibições sejam sofríveis, algo perfeitamente natural dadas as muitas aletrações na equipa, que vai aos poucos criando as suas rotinas de jogo, a que se acrescenta a substituição do treinador Antoine Kombouaré (antigo jogador do clube) pelo experiente Carlo Ancelotti ainda há poucas semanas. De referir ainda que o antigo clube de Pauleta foi já eliminado das competições europeias este ano, mais concretamente na Liga Europa.
Leonardo fez valer os seus vastos conhecimentos do Calcio e trouxe para Paris o prodígio Javier Pastore.

Já o campeão Lille está este ano a fazer um campeonato mais modesto em relação ao ano transacto que o conduziu ao título e á conquista da Taça de França, mantendo-se, no entanto na luta pela revalidação do título, já que se encontra em terceiro com 39 pontos, menos sete que PSG.
Apesar da grande época realizada no passado ano, o jovem médio belga Eden Hazard manteve-se no clube, não obstante as propostas que teve dos gigantes europeus, e reforçou o estatuto de estrela da equipa, equipa que viu chegar outros jogadores de grande craveira como são David Rozehnal, Benoit Pedretti e Joe Cole.
Hazard abdicou dos milhões para prosseguir o seu crescimento de forma sustentável no Lille.
Será muito complicado para os comandados do francês Rudi Garcia (no clube desde a época 2008/2009) revalidarem o título, mas estão na luta.

Quem vive uma situação mais complicada em relação a temporadas anteriores é o Olympique de Lyon, actual 4º classificado do campeonato francês, com 38 pontos, menos oito que PSG. Depois de sete títulos nacionais consecutivos, o futebol apresentado pelo Lyon decaiu bastante a nível qualitativo nos últimos quatro anos e isso é bem visível esta época, não sendo decerto isto verificado pela falta de qualidade da equipa, que apresenta jogadores como Lisandro Lopez, Gomis, Michel Bastos, Gourcuff, Kim Kallstrom, John Mensah, Cris, entre tantos outros.
Porém, é possível observar que falta a este Lyon mais algumas soluções para o meio-campo (soluções que abundam na defesa...), pois Kallstrom não caminha para novo, Juninho Pernambucano há muito que não está neste plantel e no Verão passado Pjanic foi transferido para a Roma. Lá na frente, Lisandro Lopez, Gomis e companhia lá vão dando conta do recado.
Em França, Lisandro continua a demonstrar toda a sua qualidade. 

Por fim, o Marselha iniciou o campeonato de uma forma horrível (um dos piores inícios da sua história), com um futebol ao nível do praticado nos distritais, chegando até a estar, ao cabo de seis jornadas, em último lugar com apenas três pontos resultantes de outros tantos empates, a onze pontos do então líder Lyon, tendo a primeira vitória surgido na sétima jornada, isto já depois do treinador Didier Deschamps ter estado com os dois pés fora do clube.
Porém, a (ex) equipa de Lucho González lá conseguiu recuperar (milagrosamente quiçá) e segue de momento em 5º lugar com 37 pontos, mercê de 10 vitórias e sete empates em 21 jornadas. A nível das contratações efectuadas, o médio Alou Diarra tem-se vindo a afirmar no onze titular e veio acrescentar qualidade a um plantel já de si muito bom, com especial destaque para Benoit Cheyrou, Valbuena, Gignac e André Ayew, o que tem permitido ao Marselha jogar em 4-4-2 e (apenas agora) atingir resultados condizentes com o clube.
Deschamps respira agora melhor depois de um início de época confrangedor.
Muita tinta vai ainda correr sobre este campeonato francês, nomeadamente na próxima jornada em que haverá um Marselha – Lyon. A ver vamos igualmente se PSG confirma o estatuto de favorito e conquista o troféu que lhe foge desde a longínqua época 1993/1994.

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